Todo processo de urbanização (principalmente
os efetuados sem planejamento) causam danos irreparáveis ao meio ambiente. “A
expressão “ações antrópicas,” engloba as alterações provocadas pelas ações
humana, nos ‘‘espaços geográficos”, Que dizem respeito à relação sociedade e
natureza. A partir do inicio dos anos 80 a região que hoje compreende a cidade
de são Sebastiao entrou no processo de urbanização, processo esse movido pela
necessidade de moradia para os filhos dos pioneiros construtores de Brasília e
para os imigrantes de outros estados. Uns em busca do sonho da casa própria, e
outros, os oportunistas em busca da especulação imobiliária.
Somando isso ao discurso demagogo
do governo da época, a ausência de uma politica habitacional eficiente para
atender a necessidade de moradia do grupo acima citado, resultou no impacto
causado pelas ações antrópicas; Degradação do meio ambiente, desmatamento,
redução dos recursos hídricos, extinção da flora, êxodo e extinção dos animais
silvestres etc.
Nesse processo de ocupação a
região da papuda até então era tipicamente rural, circundadas por antigas fazendas,
olarias e cerâmicas instaladas no seu vale central, foi impactada com súbita
transformação. As matas ciliares dos córregos, santos Antônio da papuda de mata
grande foram reduzidas, estradas dos tempos coloniais, trilhas, nascentes foram
extintas e arvores centenárias ceifadas.
Da noite para o dia surgiram ruas,
ergueram casas, quadras, bairros. A
Rodovia DF 463 terminava em frente o antigo bar da dona maura, onde convergia
para esquerda para acessar a Cerâmica da Benção e a escola do mesmo nome. No
roldão da ocupação essa estrada passou se chamar rua da gameleira em razão da
arvore que existia imponente no outro extremo da estrada. Mas então cadê a
gameleira que estava aqui?... Moto serra comeu.
No lado sul da cidade de São
Sebastião existe um mirante alcunhado morro da cruz, cruz essa que foi fincada,
cravada nesse mirante no século XIX pelas
mãos dos escravos, cruz carregada de simbologia histórica. Cruz que já foi tema
de produção jornalística das emissoras globo e Record, subsidiou pesquisa para conclusão de curso para aluna do
ensino superior. Foi escalado pela A turma de Pós-graduação do curso de
Urbanização, Patrimônio e Meio Ambiente da UNB turma. 08/2019.
Esse mirante emprestou seu nome para
o bairro que foi erigido nos seus arredores, do cimo tem-se uma visão de 360
graus, avista-se a cidade do Paranoá há 27 km de distancia. Entidades de
culturais de são Sebastião, têm repetido com insistência a importância do
tombamento do mirante e sua cruz como patrimônio histórico de são Sebastião. Aconteceu que nesse fim de semana recebemos
noticia que a cruz tombou, não, não foi tombada, tombou, caiu, veio abaixo,
vitima do tempo das intempéries, do descaso, do desrespeito com nossa historia.
Hoje somos uma região formada por córregos
antes saudáveis e piscosos, agora poluídos, antes fauna e flora rica agora
destruída e por reverenciais históricas inexistentes como a gameleira que deu
nome a rua. Quanto ao Bairro Morro da Cruz no momento é um Morro da Cruz, sem
cruz.
Cadê a gameleira que estava aqui?
-moto serra cortou.
Cadê a cruz que estava aqui?
-O descaso tombou.....
Edvair Ribeiro. 30/12/2019
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