ELE SEMPRE ESTEVE AQUI


Ele sempre esteve aqui, desde os imemoriais tempos do continente Pangeia, vieram os meteoros aniquilaram os dinossauros, (*) o homem se entocou nas cavernas, descobriu o fogo, poliu a pedra, saiu das cavernas, poliu o bronze, organizou-se em comunidades, brutalizou-se, inventou a guerra, escravizou o semelhante, erigiu cidades, descobriu a pólvora, construiu navios, conquistou oceanos, descobriu o petróleo, inventou o automóvel, o avião, a bomba atômica, foi à lua, conquistou as estrelas, e se fez dono dos céus. E No terceiro quarto do desenrolar dessa narrativa Cabral partiu de Portugal a caminho das índias, se perdeu nas estrelas, aportou na Bahia, ceifou parte da mata atlântica “descobriu” o Brasil. Vieram às bandeiras pro Planalto Central, Anhanguera ludibriou os Goiás tacando fogo numa bacia cheia de pinga, (o que para mim foi um desperdício, por que o sensato seria convidar os silvícolas para umas rodadas de brindes e depois de tê-los bêbados tirar deles toda informação acerca do ouro e das pedras preciosas).E ele o bosque sempre aqui, eu o conheci no século passado, em meados dos anos 60, localizado a direita da união dos córregos mata grande com o santo Antonio da Papuda, até o ano de 1988, ele reinava absoluto, circundado por um cerrado ralo. Na sua extremidade esquerda, sentido sol nascente, havia uma estrada que nascia entroncada na, hoje, Rua 12 e seguia a, também moderna, rua da escola, que levava até a fazendola da Virginia, onde hoje, se situa a estação de tratamento de esgoto da Caesb. Ainda partindo, do lado da rua da escola uns trezentos metros antes dela, havia uma trilha feita a sola de pé, que bifurcava com a primeira e cortava o seu interior. Essa trilha era usada como atalho para quem ia a pé para o capão cumprido, pois ia dar na ponte do córrego capão cumprido e encurtava o caminho para a casa da dona Ella, para a olaria do Assanhaço, do Dr. João Botelho e vizinhanças adjacentes. Durante todo esse tempo, nunca se ouviu falar de um assédio, uma tocaia ou qualquer outra falseta, tendo como palco o hoje denominado parque do bosque, mas ai veio famigerado e daninho, porém necessário progresso e ele foi cercado pelos bairros: Vila Nova, Bela Vista e Residencial do Bosque, para cujos moradores o protagonista bosque é uma bênção, um presente, uma referência. Então sitiado pelo progresso, o parque do bosque se viu atacado pela inconsciência ecológica de uns poucos, mas que poderia ser irreversivelmente danosa, se não fosse à militância consciente de outros poucos, em detrimento da omissão de muitos. Os poucos daninhos fizeram do parque um deposito de lixo, ponto de drogas, ponto de tocaia para assaltos, estupros e assassinato, depedraram a fauna e a flora, inclusive matando um veado campeiro que lá se hospedava. Os militantes do bem se organizaram em associações e num trabalho de conscientização resistiram bravamente, para hoje precisamente no dia 27 de março de 2010 ver realizados e compensados parcialmente os seus esforços suas lutas e sonhos e eu particularmente confesso que, nem nos meus mais positivos devaneios, jamais imaginei um projeto tão belo e grandioso. Hoje eu vejo o semblante da multidão que participa desse momento apoteótico, uma expressão única de alegria, como se todos fossem apenas um, é como se a roda de capoeira, com os seus mestres e contra mestres e alunos, formassem o mesmo corpo com o Orientalismo nipônico do karatê, na constante miscigenação com a MPB, o sertanejo, o teatro e todas as demais formas e expressões artísticas. Enquanto alguns transitam num constante vai e vem, outros se detêm diante dos grupos que lhes agradam, se embevecem e se embebedam com os tons, sons, e as imagens de acordo com as próprias preferências. Preferências essas que se estendem as atividades do futsal, as esteiras de jump e as inatividades do se largar sob a sombra das arvores, dos flertes, com a serenidade da paz estampadas nos rostos das mães, enquanto observavam as suas crias, que ficavam a brincar livremente, na consciente inconsciência de um mundo perfeito. Mergulhado nessa bucólica magia de navegar na inserção espontânea do agora oficialmente parque do bosque, eu chego à conclusão que tudo é poesia, numa mescla de Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Isolda Marinho e o velho tema de Vicente de Carvalho, o que reafirma em mim a certeza de que o bosque vai permanecer aqui em síntese processando a fotossíntese, não importa em que eras sejam, uma coisa é certa, vai haver sempre um super nova a espreita para atestar ou contestar a historia.
*Ver filosofia babuína do pensador precoce DEVANA BABU
EDVAIR RIBEIRO DOS SANTOS

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