Ela comunga com a calma da noite
Que na paz no sono solto
Embala o seus sonhos
Na pureza inocente
Do seu subconsciente
Minha negritude pode ser negativa
Quando incomoda tua hipocrisia
A prática cotidiana da segregação
velada
Imposta pela sua inconsciência alienada
Dentro do temor de perder
privilégios
Conquistados por braços e pernas
aguilhoados
Transportados nos porões dos navios
negreiros
Arrancados das savanas do berço da
humanidade
A mãe áfrica a quem mesmo sem
conhecer
Meu coração padece de saudade
Minha negritude pra mim é positiva
A partir da consciência da ação do
meu povo
Nessa histórica entrega ainda que
forçada
Na construção deste continente novo
Minha negritude é positiva
No sangue negro puro de zumbi em
memória
Na contemporaneidade de Nelson
Mandela
Na Resistência ferrenha de Malcolm
X
Na oratória pacifista de Mark Luther King
Na dramaticidade do enredo da cor
púrpura
Na musicalidade de arraigada nos
genes
Dom natural do povo da tez escura
Minha negritude é positiva
Na mestiçagem de figuras ilustres
Do imortal machado de Assis
Rita baiana feitiço do cortiço
Do pioneirismo automobilístico e abolicionista
Do ativista José do patrocínio
E do inventor da dor de cotovelo
Lupicínio
Minha negritude é positiva e arte
viva
No ritmo simétrico dos “bambas” do
samba
Na percussão própria da Bahia negra
No discurso do gol mil de Pelé
Negro quase politicamente correto
Acrobata com a bola nos pés
Minha negritude é positiva
Ainda que depois de passado
Cento e vinte anos da abolição
Da chaga inumana do Brasil colônia
Construído a custa da escravidão
Ver o povo negro em numero elevado
Vivendo ainda de modo segregado
Nas periferias das cidades estado.
Minha negritude
É força é autoestima é emancipação
É resistência é queda de braço
Contra os efeitos da discriminação
É luta constante para desenredar esse novelo
essa campanha sortida apagar a nossa historia
tentando embotar nossa memória
Mas minha negritude cidadão
Não precisa ser o seu pesadelo não
Edvair Ribeiro 14/11/2013
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