Soneto de um funeral




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Hoje ora presentemente num ataúde deitado
De chofre me vi de frente com as rugas do meu passado
Meu finado pai e minha avó e o vizinho do lado
Vi a expressão do medo da morte trato secreto aprazado

Vi a sombra da tristeza da culpa da omissão
Vi o olhar de angustia do fim em aproximação
Vi o brilho destemido nos olhos do adolescente
E senti o sopro da dama que causa putrefação

Já nas ruas da necrópole para a casa do finado
No cortejo pachorrento passo lento retardado
Como um ensaio absorto pra nossa hora fatal

Ataúde cova rasa uma patetice abismal
Olhos vermelhos uns abraços silencio meio formal
Saída discreta descrença, até outro funeral

2 comentários:

paulinho dagomé disse...

muito bom, pueta...

Will Zek M. disse...

Quem disse um dia que a beleza do poeta está dentro da caixola, estava profundamente enganado.. As palavras do verdadeiro poeta não saem da boca, nem buscam a razão..
Basta ter coração, o que só alguns tem..

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