Prole etária


Essas crianças esquálidas, essa cidade esquecida.

Essas paredes encardidas de pichações decoradas,

Esses casebres paupérrimos, esse glamour hiper brega,

Essa gente cor trigueira, essa alegria à brasileira.



Essa vida pachorrenta, essa fome de bola,

Esse menino, esse craque e esse técnico de araque.

Esse drible, essa raça, essa partida e esse gol.

Esse soco no ar, essa medalha, essa taça.



Esse tumulto na escola, essa prova, essa cola.

Essa sala quente lotada, esse professor exigente,

Esse sonho de consumo, esse produto de agora.



Essa urbe insalubre, essa vida prole etária,

Essa extrema teimosia, essa sobrevida arredia.

Força, persistência, pirraça, vida de periferia.



Edvair Ribeiro dos Santos.

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