Deixa "platônico"


















Deixa-me te olhar disfarçadamente
Faça-se, despercebida, finja não sentir
O meu olhar tímido, incidir sobre você
E, enquanto caminha, não volte o seu olhar para
A retaguarda por estar sentido ser observada

Deixa, eu me extasiar com os seus cabelos
Emprestando brilho ao sol e brincando com o vento
Com os seus braços, se movimentando
Em prefeita simetria, com o conjunto de sua anatomia

Deixa, eu me embevecer com a silhueta de suas espáduas
Pela harmonia do requebro de suas ancas
Bailando pela locomoção de suas coxas

Deixa-me, observar seus pés, te distanciando de mim
Diminuindo sua imagem, socando meu estomago
Com um vácuo, inexplicável de saudade

Deixa eu me torturar, pelo projeto do amor
Que poderia ter sido, que não se realizou por minha
Timidez paranóica, por minha urdida covardia


Deixa, eu taciturno, de face enrugada e com
O presente, já debruçado na janela do passado
A idealizar beijos lúbricos, nossos corpos suados
Maquiagem desfeita, lençóis amassados
Devaneios, sonhos despertos, incertos...

Deixa nossas vidas seguirem assim
Eu, Cyrano, hesitante e você sonho distante, Roxane.

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