Hospital do Paranoá DF, manha do dia 1º de novembro do ano corrente, clínica médica do pronto socorro na ala de pacientes masculinos, leitos ocupados por senhores na faixa de idade que pode ser metaforicamente denominada de ocaso, homens de respiração entrecortada, como se os velhos pulmões já não soubessem distinguir as diferenças entre os gases carbônicos e o oxigênio e portando ainda nos peitos corações “arritmados” resultado do cansaço de anos do repetitivo trabalho de bombear sangue oxigenado para o corpo. Havia ainda outros com distúrbios estomacais, ulcerosos e outros males mais.
Mas todos tendo em comum a mesma faixa de idade que pode ser mencionada como o entardecer de um era, vitimas da abençoada conseqüência chamada longevidade e do velho e implacável senhor tempo. Homens em cujos rostos eu prevejo o meu amanha, ou o meu daqui a pouquinho, já que entrei na casa dos cinqüenta.
E na enfermaria desta clínica médica, que pode ser alcunhada de cidadela da resistência contra os males físicos, uma equipe formada por enfermeiras, nutricionista e um medico plantonista se desdobram para amenizar as dores e tornar pelo menos suportável a vida desses senhores, entre as aplicações via oral e intravenosas dos medicamentos prescritos, vão distribuindo para eles sorrisos e palavras de conforto. Vão de leito em leito, dentro da ordem estabelecida transportando energia positiva e uma aura de paz quase física como se uma energia mística desprendesse dos seus corpos indumentados de jalecos brancos.
E dessas discípulas de Ana Neri, uma em especial se destaca. E o destaque não é pelo porte físico e nem pela beleza com que foi generosamente agraciada pela natureza, mas pela energia tranqüila que dela emana pelo toque carregado de amor fraterno que ela dispensa pros pacientes aos seus cuidados, uma pessoa dotada do perfil de vocação humanitário que se espera do profissional de saúde. Ela se chama Jenipher Ribeiro de Araujo Pimenta e é estagiaria do curso de técnica de enfermagem do cep de saúde de Planaltina. É nos ombros de pessoas como Jenipher Ribeiro, que estão depositadas as esperanças dos usuários da saúde no que tange a humanização do setor.
Setor esse que cada dia mais é colocado em segundo plano por alguns mandatários do poder, que o sucateia, sabotando-o insidiosamente, tentando assim, inviabilizar o pleno funcionamento do SUS em favor da terceirização. O que nos resta é a entrega abnegada e exemplar dos profissionais plantonistas do turno acima mencionado do hospital do Paranoá, o que vale é o carisma vocacionado de pessoas como a estagiária Jenipher (Ana Neri) Ribeiro.
Edvair Ribeiro em 01/11/2011
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