Eu, um descrente??

 

Sou fruto dos genes da África distante

Miscigenado com o povo guarani

E com os colonizadores euro lusitanos

Os Portugueses os grandes navegadores

Herdei a tempera e a cor da pele

O estereotipo do povo africano

Cabelo duro lábio avantajado

E o nariz chato me define como negro

Inda criança eu fui batizado

Numa igrejinha no interior goiano

Cresci ouvindo sons de ladainhas

Por assimilação fui sendo catequizado

Seguindo o ritmo promiscuo do sincretismo

Cheguei a freqüentar uns dois terreiros

E respeitando santos e pais de santo

Seguindo a regra quase geral dos brasileiros

Adolescente então” fui feito” protestante

E reapresentado para o salvador Jesus

Atormentado pelo medo do inferno

Depositei toda minha fé na rude cruz

Mas os paradoxos cruéis das religiões

Entre a palavra proferida e a pratica da fé

A hipocrisia de líderes da sé separada

Colocou em xeque minhas novas convicções

Fui caindo assim meio naturalmente

No desamparo letárgico latente

Da fé dormente dos humanos agnósticos

Dos desgarrados da luz teologia

Andei a esmo como nau avariada

Um marinheiro perdido num mar revolto

Abalroado pelas ondas da jornada

Em busca inconsciente de um seguro porto

Mas uma vez fui reapresentado a Jesus

De volta ao berço da madre igreja Romana

Mas agora um homem bem menos assustado

Sem medo do inferno, mas inda crendo na cruz

Agora, um ser com senso crítico mais apurado

Inda com dúvidas sobre os donos da verdade

Sou um católico se despindo da santa hipocrisia

Correndo o constante risco de cair na heresia

Agora sigo braços dados com assumidos ateus

Compreendendo suas crenças e descrenças

Sou um novo cristão sem medo da penitência

Mas que se recusa a deixar de crêr em Deus.

Edvair ribeiro em 14/10/2011