No ano quatrocentos e setenta anos a.c, nasceu em Atenas Grécia, um homem chamado Sócrates, dois mil e quatrocentos e treze anos depois, nasceu no Brasil um outro dos muitos Sócrates que o mundo conheceu e conhecerá, que veio com um missão quase similar a do Grego. O primeiro veio com a missão de levar conhecimento para população, ele, promoveu debates em praças publicas, contestou costumes, incitou e povo a pensar dando inicio ao movimento contra cultural que veio ser reconhecido partir do século xx no inicio dos anos 60 (e que o supernova teima em dar continuidade no século XXI) Provocou poderosos, foi acusado de subversão e condenado a morte por ingestão de veneno cicuta.
O segundo, chamado Sócrates brasileiro Sampaio de Souza vieira de oliveira ou o Dr. Sócrates, ou ainda o Magrão, também veio ao mundo com uma missão especial. Tendo nascido numa era em que no Brasil era terminantemente proibido manifestações publicas, ele usou de maneiras diferentes de expressar seus sentimentos, primeiro pelo exercício da medicina seguindo os passos de outro grego, o Hipócrates e pela prática do esporte, especificamente o futebol.
E no auge das ditaduras, e quando o mundo tremia com possibilidade de um entrevero atômico, quando os homens e mulheres que lideravam o mundo- Margareth Thatcher, Ronald Reagan, Yuri Andropov, Saddan, kadafi,Menachem Begin, Osni Mubarak, Françoise Mitterrand, entre outros- se engalfinhavam numa guerra de nervos sem fim, o Dr. Magrão Sócrates, alcançava o auge do seu futebol e do alto dos seus quase dois metros de altura, firmados em pés tamanho 36, ele encantava o mundo com seu estilo e técnica
Sendo alto sem ser desengonçado, o meia direita atacante, agilizava o jogo de forma dinâmica, armava jogadas, e fazendo do toque de calcanhar uma arma, deixava desnorteados os seus marcadores e os companheiros “na cara” do gol . O mesmo calcanhar que era ponto fraco do semideus Aquiles, no Dr. Sócrates era a parte invulnerável, depois dele muitos outros atletas buscaram aprimorar o uso do calcanhar e antes dele alguns já haviam feito, mas comparados com ele todos foram meio toscos, como ele mesmo disse os seus pés eram o porta voz do seu pensamento. Os pés que criaram o período socrático do futebol
Ele ainda tomou atitudes políticas dentro do mundo do esporte, quando mesmo estando o país vivendo sob regime totalitário, ele, como bom xará do Sócrates primeiro que era, participou da campanha diretas já, instituiu no âmago nação corintiana um estado democrático chamado democracia corintiana, o que foi um golpe de mestre nas barbas dos cartolas que comandavam o futebol e dos aquartelados generais. Nesse estado os jogadores participavam ativamente de todo sistema organizacional do clube, que era o sonho da parcela esclarecida da nação Brasileira, com relação ao mundo da política. Somando a essas qualidades estavam a de musico e produtor teatral, é pouco?
E ainda fazendo analogia entre o Sócrates filósofo de Atenas e o Sócrates médico, jogador e por que não dizer, filósofo, o primeiro morreu por ingestão de cicuta por se recusar a negar suas idéias e o segundo morreu por se envenenar lentamente com uma versão moderna da cicuta chamada álcool, droga poderosa respaldada pelo estado e pela sociedade. Droga essa que sob a égide das festas, da comemorações e dos folguedos, vicia, alicia e mata, e nem mesmo os seres chamados inteligentes como era o caso do Dr. Magrão, às vezes não conseguem escapar dela.
O magrão se despediu desse mundo no 03/12/11 na passagem sábado para domingo, as vésperas de um dia importante para a nação corintiana, que foi a decisão do campeonato brasileiro e mesmo estando o estado alvinegro amargando a dor da perda do seu ídolo, pode amenizar o golpe com a conquista do titulo de campeão brasileiro. E não obstante o fato de ser eu um palmeirense e tricolor admito sem constrangimento, o titulo foi merecido. Salve o Dr. Sócrates, meia direita da seleção e 1982, a melhor que minha geração viu jogar e salve o Corinthians.
Edvair Ribeiro em 05/12/2011
0 comentários:
Postar um comentário